segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Sonhos...

Anaïs Nin certa vez escreveu ao comprador de seus contos eróticos que se ele nutrisse sua vida sexual com todas as excitações e aventuras que o amor injeta na sensualidade, ele seria o homem mais potente do mundo, pois a fonte do vigor sexual é a curiosidade, a paixão.
A busca pelo prazer extremo quase sempre se perde na casualidade, na aposta de que quanto maior o número de tentativas maior a probabilidade de se acertar, entretanto com toda essa barganha sexual, a razão se sobrepõem a emoção, transfornando o sexo am algo mecânico.
A imaginação é a protagonista dos mais belos atos.


"Seria só mais uma noite com os amigos, só mais uma noite entre bebidas, músicas e bate papo. Mais uma noite como tantas outras onde acabaria encostada em algum muro, com dedos entre seus cabelos, bocas coladas e um adeus amargo sendo proferido ao final. Com a certeza de que haveriam outros muros e outros dedos, sempre com a mesma expectativa.
Não sabia o que era paixão, talvez soubesse a etimologia, mas não o conceito em si repleto de sensações que a compunha de forma singular e, de tanto ouvir falar, idelizava o instante que descobriria o seu real significado.
No fundo percebia que era necessário se abrir a paixão, deixar-se arrebatar por ela. Definiu que essa não seria somente mais uma noite. Tinha certeza que alguém a esperava com uma intensidade recíproca, que a procurava, desejava, mesmo que até então só tivessem um ao outro em pensamento. Não havia formas, só desejo, volúpia, talvez a face singela (se assim for possível) da luxúria.


"Quero estar onde quer que você esteja. Deitada ao seu lado mesmo se você estiver dormindo. Beije meus cílios, ponha seus dedos sobre minhas pálpebras. Morda minha orelha. Empurre meu cabelo para trás. Desabotoe minha roupa com rapidez. Seus dedos. O calor. O frenesi. Nossos gritos de satisfação. Um para cada impacto do seu corpo contra o meu. Cada golpe, uma pontada de prazer. Perfurando numa espiral. O âmago tocado. O útero suga, para frente e para trás, aberto, fechado. Os lábios adejando, línguas de cobra adejando. Ah, a ruptura - uma célula de sangue explodida de prazer. Dissolução."¹



Sim, talvez toda essa descrição fosse paixão, e ela descobriria isso essa noite. Estava aberta a isso, queria imensamente.
No entanto, por enquanto era somente uma música... que explodia em sua cabeça como um vulcão..."


Postado ao som de: Pequeña Orquesta Reincidentes - Anoche
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¹ adaptado de Anaïs Nin - Diário I

Um comentário:

Tyler Durden disse...

Uau...essa é pra esquentar o clima por aqui...excelente doce Clementine...