domingo, 2 de março de 2008

Conto

Continuando com o 'surrealismo', postarei um conto - preciosismos a parte- de minha autoria.
É infanto-juvenil, então nada de espantos na caixinhas abaixo. Inté


O ano era de 1006, nas proximidades do que hoje é a catalunã...
Nos arredores de um castelo, no fim da tarde, olhando fixamente para uma montanha enevoada, duas crianças sentadas na grama macia, estão praticamente imóveis, como se sua inocência os fizesse vislumbrar o futuro, até que:
- Sabe Joana, papai, antes de me pôr para dormir contou-me uma estória sobre um reino fantástico, com guerreiros, trols, nesse momento, o pequenino se levanta e golpeando o ar com uma espada imaginária, continua... Ah! Como eu queria viver lá! Uma vida repleta de aventuras, se.
A menina o interrompe, segurando a mão dele e diz:
- E se eu te dissesse que ontem sonhei que era um dragão?
O garoto franze a testa e arremata.
- Dragão?!?!?! Aquele bicho de cara feia que solta fogo e engole pessoas, mas você é mulher, não seria... dragona?!?! Após dizer isso, ele a fita suavemente com um sorriso curioso nos lábios.
-Não zombe de mim, ela diz, estou falando sério.
-O que você quer dizer com sério, você é uma normal!
-Normal sim, mas será que sou comum?
-Joana, pára com isso, imagina só se você virasse mesmo um dragão, dragona, fada, sei lá, você ainda tá sonhando sua boba, disse Caio Maximus do alto dos seus sete anos de experiências místicas, chamada vida, e após dizê-lo com toda a convicção, mostrou-lhe a língua. Joana nada respondeu, apenas inclinou a cabeça, e voltou a olhar a montanha.
- Olha, Olha, Olha, diz ela com um sorriso de satisfação no rosto, apontando para uma nuvem em destaque, O que aquilo parece?
Caio olha, olha reolha e diz coçando os olhos:
-Acho que entrei no seu sonho também, diz ele atônito, estou vendo um dragão...
Joana sorri aliviada e diz:
-Acho que sei o que aconteceu, nunca conheci papai, então...ele deve ser um dragão, em meio a devaneios, Caio a interrompe.
- Joana, pára, eu já te disse, e se você for mesmo um dragão, o que você vai fazer? Tem caçadores lá fora, e principalmente, quem vai brincar comigo? Tia Branca de neve? Mas ela nem agüenta correr!!! Caio se agita mais e mais e percebe que Joana ainda se encontra em devaneios. Ela o olha com um olhar sereno como um lago e suas palavras soam como a brisa de verão que sopra por esse mesmo lago, afáveis e tenras.
- Caio, escute-me, então você acredita em mim, não é? Afinal, como poderiam existir caçadores de algo que não existe? Seria o mesmo que orar para algo que não se sente.
- Joana, diz ele tristonho, não gosto de achar que você possa me deixar assim, um dragão deve querer voar por aí, né, além do mais, ainda acho que você está delirando.
-Delírio ou não, acho que papai me deu esse estranho sobrenome para selar quem eu sou, até que esteja pronta.
-Selar, sobrenome, você não está delirando, está é doida mesmo, se fosse por conta de sobrenome o meu ecoará em salas escuras como MAXIMUS, O GLADIADOR, gritou ele, novamente brandindo sua espada imaginária. Joana sorri e emenda:
- Claro, claro, e desde quando vou ser esposa de um gladiador?
-Você não terá opção, quem além de mim casará com uma dragona, diz Caio, soltando sua espada e indo ao chão dando sonoras gargalhadas de sua própria piada.
-Seu bobo, eu vou te devorar, ela diz, fingindo uma careta assustadora. Caio já recomposto, senta-se de pernas cruzadas e diz:
- Ta bom,então como seu pai te selou? O fato de você ter minha idade e ser maior do que eu nada quer dizer... Novamente mostrando a língua.
-Não tenho sua idade, sou 12 luas mais nova, e além do meu sobrenome ainda tenho isso, disse ela, enquanto tirava de um pequeno bolso, um objeto brilhante.
-O que é isso?
- Um rubi seu tonto, o rubi brilhava como se fosse um sol de rubra cor.
-Uau!
-É, uau...
- E quais são as palavras mágicas? Shazam, yupi, hocus pocus, abracadabra, abre-te sésamo? Caio obviamente diz isso desdenhosamente. Joana olha para o céu como se fosse tocá-lo e diz:
- Eu estou ouvindo.
-Ouvindo o quê?
- Olhe o céu!
Caio olha espantado para o céu e vê o sol quase se pondo, transformando-se, ficando da cor da rubi, e como se fosse tragado para dentro daquele brilho, o pequeno só ouve sussurros, nos quais só consegue distinguir...
- Não se preocupe, eu estarei contigo, só te peço que não se esqueças de mim, afinal, quem mais casaria com uma...
Após um som estridente e um vento forte, caio é jogado ao chão, ao virar-se para o céu só vê a sombra de uma imensa figura fazendo sombra ao sol.
- Joana? Ca, cadê você? Uma pequena lágrima escorre em seu rosto, ele a enxuga com as mãos:
- Nã...não posso ir contigo, nã...não mais , diz ele soluçando – mas não vou te esquecer...nunca, e exalando todo o ar em seus pulmões, ele grita:
- Eu sempre vou estar aqui...esperando!
De lágrimas incontidas ele se afasta do cenário, que visitará dalí em diante, todos os dias, até que as florezinhas, gramíneas, brisa, montanha, nuvem, o que seja, participe junto a ele do reencontro daquela que um dia ele ousará chamar... Minha .

Um comentário:

...Clementine Kruczynski... disse...

Nosso filhote está repleto de fantasia... quem sabe no futuro o publicamos, daremos autógrafos nas "Bienais" no país... seremos traduzidos para mais de 30.269 idiomas, percorreremos o Caminho de "Compostela" e, por último, seremos roteiristas de novelas na Globo!!!...