sexta-feira, 28 de março de 2008

Laços..

Para manter a linha, pós texto de Clementine, mais uma relíquia que demonstra a genialidade do Bardo ( e uma nostalgia de minha parte).

Se minha carne fosse pensamento
A distância jamais me reteria;

Apesar dos espaços, em um momento,
E bem longe, a ti eu chegaria.

Que importa onde meu pé pudesse estar,
Em que terra de ti tão afastada ?

O pensamento salta terra e mar
Só de pensar na terra desejada.

Morro ao pensar que não sou pensamento,
E que sonhar distâncias não consiga;

Sou feito de águas e terras, os elementos
Que ao tempo ocioso e à minha dor me obrigam.

De lentos elementos me resigno,
A ter somente as lágrimas, seus signos.

A um dia de verão como hei de comparar-te ?
A um dia de verão como hei de comparar-te ?

Vencendo-o em equilíbrio, és sempre mais amável !
Em maio o vendaval em ternos botões disparte

E o estio se consome em prazo não durável.
Às vezes, muito quente, o olho do céu fulgura,

Outras vezes se ofusca com a sua tez dourada;
Decai da formosura, é certo, a formosura,

Pelo tempo ou o acaso é enfim desadornada:
Mas teu verão é eterno, e não desmaiará.

Nem hás de a possessão perder tua beleza,
Vagando em sua sombra, o fim não te verá,

Pois neste verso eterno ao tempo, tu te igualas:
Enquanto o homem respire, e os olhos possam ver,
Meu canto existirá, e nele hás de viver.

William Shakespeare
Poutz, tem como não admirar as palavras?

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